sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Gay ou não gay, eis a questão.

Assunto delicado este, mas vou arriscar porque acredito que pode ser esclarecedor, ou até mesmo provacador. Vamos ver. 

Minhas inquietações sobre visão de mundo e valores fazem parte do que eu sou. Tendo sido exposta desde pequena à diferentes culturas é natural que tenha despertado o interesse e a curiosidade sobre as pessoas, sobre as mentalidades, e que consequentemente tenha dedicado boa parte do meu tempo estudando e refletindo sobre estas questões. 

Como o feminino e o masculino, sexualidade e afetividade e os respectivos papéis socias de cada gênero são percebidos e vividos em diferentes épocas e em diferentes lugares é, para mim, uma destas questões interessantes. No entanto, aqui não há a pretensão de escrever um texto acadêmico nem tampouco sair em defesa de um ou de outro ponto de vista. Quero contar uma situação que vivi e que me deixou ainda mais intrigada e curiosa da condição humana. Blá, blá, blá... Então lá vai.

Foto em: http://www.timeoutbeijing.com/features/Bars__Clubs-Features

Como todos sabem, geralmente as discotecas e casas noturnas mais animadas (e com os melhores DJ's) são aquelas para o público LGBT. Aqui em Beijing há uma ótima chamada "Alpha". Numa sexta à noite resolvemos ir conhecer o lugar. Bem divertido. Dançamos, bebemos e comemos, demos boas gargalhadas... Mas o melhor foi a conversa com um "casal gay" (já vão entender as aspas).


Na fila não lembro pra quê, percebi atrás de mim dois rapazes, pouco mais de 20 anos, chineses, que estavam de mãos dadas e dando risadinhas ao pé do ouvido um do outro. Cheios de trejeitos. Começamos a conversar e descobri que um deles era de Taiwan e o outro de Beijing. Se conheciam há alguns meses e pelo que me contaram julguei que eram namorados. 

Alguns minutos de conversa e não me aguentei.  Tasquei a pergunta que não queria calar, "E aí, como é ser gay na China?"; "Gay? Como assim?", respondeu um deles. "Eu não sou gay." Nossa! Minha cara caiu, que vergonha! Pedi desculpas por meu julgamento equivocado. Mas eles não se ofenderam e me explicaram a situação. "Não, eu entendo por que você perguntou, mas nós não somos gays. Estamos apenas nos divertindo um com o outro por enquanto. Daqui alguns anos quando me formar na universidade e tiver um emprego vou me casar com uma moça e ter filhos. Como tem que ser, e meu amigo também, entendeu?" E eu, boquiaberta, respondi, "Claro, agora entendi!"

Entendeu? 

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